Depois de 91 anos de existência, inaugurada em 1926, a espinha dorsal da ponte Hercílio Luz sofreu a primeira intervenção cirúrgica técnica, delicada por sinal, para suspensão do vão central. A operação, considerada um sucesso, pelo Deinfra e engenheiros da empresa que realiza as obras de restauração do monumento, teve a duração de 16 minutos, entre o final da noite de ontem e o início da madrugada de hoje. Outras três operações serão realizadas dentro dos próximos dias, em datas ainda a serem confirmadas e não necessariamente consecutivas.
O presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Wanderley Agostini, participou de toda a operação desta madrugada e comemorou o resultado. “Todos os envolvidos estão de parabéns. O trabalho foi executado com total tranquilidade e segurança. Estamos com a consciência de dever cumprido”, avaliou.
O engenheiro fiscal da obra, Wenceslau Diotallévy, explicou que depois da elevação, o trabalho seguiu com um amplo monitoramento das reações da estrutura. “São avaliadas tensões das peças, reações internas e a acomodação da estrutura, porque estamos começando a redistribuir o peso da ponte”, destacou. Ele lembrou que a nova operação de transferência de carga dá continuidade ao trabalho iniciado em fevereiro deste ano, quando foram transferidos inicialmente cerca de 20% da carga da ponte (com deslocamento de cerca de 10 centímetros) entre a noite do dia 11 e a madrugada do dia 12 de fevereiro.
Este procedimento é necessário para que o peso da obra original seja depositado gradativamente na estrutura provisória construída abaixo da ponte exclusivamente para a realização da restauração. Agora os 80% restantes estão sendo transferidos ao longo de quatro novas operações, realizadas sempre à noite, para evitar influências térmicas.
A primeira delas ocorreu agora e as outras três serão realizadas em seguida, mas não necessariamente em dias consecutivos. Em cada operação, ocorrerá um novo deslocamento de cerca de 10 centímetros da estrutura da ponte, até completar um total de 40 centímetros. Junto ao procedimento de fevereiro, o deslocamento completo após as quatro novas operações somará 50 centímetros.
Plano de contingência
Pelo previsto no plano de contingência de proteção e defesa civil, diferentemente do que ocorreu no procedimento realizado em fevereiro, nas novas operações não será mais necessário fechar o trânsito para veículos nas rodovias abaixo da ponte, nem providenciar o deslocamento de moradores da região. O que será proibida é a navegação abaixo do vão central, desde algumas horas antes de cada operação até a manhã do dia seguinte. Para o trabalho de transferência, a condição ideal é de que a velocidade dos ventos não supere os 40 km/h.
Um sistema de monitoramento on-line também vai mapear em tempo real mais de 200 pontos ao longo da estrutura da ponte, emitindo alertas em caso de qualquer variação imprevista e controlando os níveis de tensão nas diferentes peças da ponte. Foi montado um cronograma de alertas, dividido em quatro cores, para orientar todas as equipes envolvidas.
O primeiro sinal é a cor verde, que representa que tudo está operando dentro do previsto. O segundo é a cor amarela, que indica algum imprevisto e faz com que o trabalho seja interrompido. O terceiro é a cor laranja, que indica que todos os órgãos envolvidos no plano de contingenciamento devem enviar representantes para o local de trabalho. E, por fim, o sinal na cor vermelho, que se acionado fará com que, apenas neste caso, o trânsito seja interrompido nas rodovias abaixo da ponte e moradores as áreas mais próximas da estrutura, já previamente identificados e notificados, sejam deslocados.