O Ministério Público de Santa Catarina, lançou hoje uma campanha de conscientização que pode ser denominada de “missão impossível”: ações de prevenção contra acidentes de motos em Florianópolis, uma cidade lotada de deficiências em mobilidade urbana como falta de espaços para implantação de faixas exclusivas para circulação de ônibus ou motos, invadida pela especulação imobiliária que ergueu imóveis sem cumprir espaços de recuo, sobre passeios e ocupando limites das próprias ruas, com ciclovias improvisadas e quase no meio das vias públicas, sem qualquer baliza de segurança, enfim, a “capital do já teve”.
Em meio a esse “calvário”, acidentes com motos não param de crescer, chegando a obrigar hospitais de “reservar” alas exclusivas para internações e tratamento das vítimas. Somente neste ano, já foram registrados 21 mil acidentes, a maioria por imprudência. O SAMU atendeu, nos nove meses de 2024, um total de 3.857 vítimas de acidentes também com motocicletas. O Corpo de Bombeiros Militar, por sua vez, revela que 40% dos atendimentos diários envolvem motociclistas.
O encontro organizado pela 30ª Promotoria de Justiça da Capital, na tarde de hoje, reuniu diversas instituições ligadas ao tema para debater os impactos que recaem sobre a sociedade, de modo a se buscar medidas atenuantes e preventivas acerca da situação, na verdade, paliativas, como conscientização, educação, fiscalização efetiva dos veículos e ações de engenharia de trânsito para corrigir pontos de risco, aprimorar a sinalização e, possivelmente, criar faixa exclusiva para motos.
AÇÕES INTEGRADAS
De acordo com o Promotor de Justiça Daniel Paladino, o objetivo do encontro foi integrar o trabalho das diversas áreas, dentre elas, o Corpo de Bombeiros Militar, a Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal, a Secretaria de Estado da Saúde, a Prefeitura de Florianópolis, o Detran, representantes da classe médica que atuam nas emergências dos hospitais, SAMU, Guarda Municipal, Rede Vida no Trânsito, Fenamoto, CDL e os Conselhos de Segurança.
No Hospital Regional, só os atendimentos de acidentes leves, registrados no setor de enfermaria, representam um custo diário de R$ 5 mil reais. Em acidentes graves, que exigem longos períodos de recuperação, esse valor pode chegar a R$ 170 mil por paciente.
Ainda, segundo a Rede Vida no Trânsito, entidade ligada ao Ministério da Saúde, em 2023 foram 16 mortes envolvendo motocicleta, só em Florianópolis. De janeiro a agosto deste ano, já foram 11 mortes computadas na capital. Todavia, a entidade alerta que os números tendem a ser maiores, uma vez que os dados são coletados num período de até 30 dias após o acidente. Em muitos casos, devido a um ou mais procedimentos cirúrgicos, o paciente vem a óbito depois desse prazo.