Representando, praticamente, em duas semanas de obras, a metade da extensão projetada de engordamento da praia de Jurerê em Florianópolis, a prefeitura liberou uma faixa de 1,32 km para acesso dos banhistas. Paralelamente, como os serviços atualmente estão concentrados em pontos de maior movimentação no balneário, principalmente por causa do carnaval, houve diminuição no ritmo de operação mas, a partir de sábado, os trabalhos da draga estarão completados no trecho da praia internacional, seguindo para o lado tradicional.
Essa é a estratégia que está sendo adotada: executar as obras em trechos, que para isso são interditados temporariamente, e liberá-los a cada dois a três dias, buscando conciliar a execução dos trabalhos com a procura pela praia, e garantir a segurança da população. Neste sentido, aliás, a Prefeitura reforça a importância de dar atenção à sinalização local.
“PROJETO REFERÊNCIA NACIONAL”
“Estamos muito felizes com o andamento das obras, que estão avançando de forma tranquila, sem contratempos”, comenta o prefeito Topázio Neto, que já deixou claro o seu orgulho em Florianópolis ser pioneira, em nível de Brasil, portanto, uma referência nacional, em engordamento de praia.
O alargamento da praia de Jurerê será o maior já feito em Florianópolis. É que o aumento da faixa de areia vai abranger os seus 3,38 km – tanto a parte internacional quanto tradicional. A expectativa é a de que as obras recuperem a orla da praia – para que tenha faixa de 40 metros que se estabilize em 30 metros após a conformação natural pela maré – e contenham a erosão marítima. Apenas um pequeno trecho de cerca de 50 metros próximo ao costão que faz divisa com Canajurê não será alargado por conta do Rio das Ostras.
As obras contam com as devidas licenças ambientais provisória e de instalação do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), e autorizações da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Elas representam um investimento de R$ 24,79 milhões, sendo que metade desse valor será pago pelo governo do Estado.
AREIA: COLORAÇÃO NATURAL
A dragagem corresponde à escavação de areia do fundo do mar com o auxílio de um tipo especial de embarcação, no caso, a draga auto-transportadora de arrasto. Ela é resistente às intempéries, o que significa dizer que atua mesmo em dias de chuva. Ao todo, deve ser dragado um volume de 491,22 mil metros cúbicos de areia com a mesma coloração e dimensão da que perfaz a praia, retirado de jazida submarina de até 2,5 metros de profundidade localizada a 1.350 metros de distância da orla.
Esse trabalho pode acontecer 24 horas por dia. Ele funciona assim: após extrair o material, a draga é deslocada até 200 metros da orla – essa distância evita que ela encalhe na areia da praia em si – para ser acoplada a uma tubulação de 450 metros. Mas só a parte da tubulação que flutua sobre a água é que fica posicionada perpendicularmente à praia; o restante da tubulação fica “em terra”, em paralelo à faixa de areia que está sendo alargada. Efetuado o acoplamento, a draga bombeia a areia para transportá-la pela tubulação até o balneário e, na sequência, ela é espalhada por tratores. Sendo que esse processo será repetido quantas vezes forem necessárias até a conclusão da obra.
CANASVIEIRAS E INGLESES
A praia de Canasvieiras foi a primeira a ser alargada, obra que foi inaugurada em janeiro de 2020. Ela teve a faixa de areia aumentada nos 2,34 km entre Canajurê e o trapiche, com um volume de cerca de 400 mil metros cúbicos de areia. Depois disso, foi feito o engordamento da praia dos Ingleses, beneficiando os 2,87 km entre o Canto Sul, onde ficam as dunas, até 500 metros antes da Foz do Rio Capivari. Na obra, entregue em março deste ano, o volume dragado foi de aproximadamente 500 mil metros cúbicos.