Em termos de igualdade salarial, no Brasil, as mulheres, em cargos de gerência, recebem salários 25% abaixo do que ganham os homens e, na carreira inicial, essa proporção alcança 19,4%, foi o que disse hoje, em palestra na Assembleia Legislativa em Florianópolis, a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves.
Mas, por outro, como outro fator negativo, ela deu um exemplo contra a própria classe: “em votação na Câmara Federal, 17 deputadas votaram contra a lei de igualdade salarial”.
Ao analisar o cenário atual, a ministra disse ainda que esse retrato reflete a “cara do Brasil”. Temos que voltar à nossa luta, é causa prioritária”, defendeu.
Cida Gonçalves também revelou que a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) protocolaram ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei da igualdade salarial.
“A briga é política, nós mulheres vamos ter de fazer o debate sobre o salário, não podemos deixar ficar nesse nível de coisas. No 1º de Maio vamos discutir com prioridade a lei da igualdade salarial. Tem de entrar na negociação coletiva salarial, não podemos ficar quietas ganhando menos tendo mais competência”, sublinhou a ministra.
MENOSPREZO ÀS MULHERES
Cida Gonçalves também conclamou as mulheres que lotaram o auditório Antonieta de Barros a resistirem à essa aversão ou seja, contra discriminação, preconceito, ódio e a misoginia praticada contra mulheres pelo fato serem mulheres.
A deputada Luciane Carminatti (PT) também criticou o pagamento maior para homens, observando que “são pessoas que lutam para construir um estado de justiça e democrático. Aqui não há convidadas para falar mal das feministas, não estão aqui para divagar sobre preconceitos, nem para dividir a sociedade ou para hierarquizar. Aqui as mulheres não são suportes, não estão ao lado, mas na linha de frente dos enfrentamentos que precisamos fazer”, afirmou.
Já a deputada federal Ana Paula Lima (PT/SC) ponderou o retorno do respeito às mulheres nas estruturas do governo federal: “o governo encaminhou para o Congresso lei a igualdade salarial, que agora precisa ser respeitada e colocada em prática, mas também precisamos das delegacias 24 horas, porque sabemos que as agressões ocorrem mais a noite e nos finais de semana”, apontou.