CULTURA: ESTUDANTES DE PALHOÇA RECEBEM KITS ARTESANAIS DE COMUNIDADES INDÍGENAS

A Prefeitura de Palhoça recebeu 74 kits artesanais confeccionados por artesãos indígenas das aldeias palhocenses, simbolizando uma contrapartida física da premiação oferecida pelo Segundo Edital da Lei Aldir Blanc, contemplado no final de 2021.

Cada kit contém cinco itens, como arco e flecha, chocalho, pau de chuva, cestas e figuras de animais da floresta esculpidas em madeira, como a onça (tiwy), o tatu, o tucano (tunkã) e a corujinha (kaure.y). “Por trás de cada sacolinha, há um trabalho coletivo, porque eles todos se uniram para a produção dos kits. Uma característica dos indígenas é este espírito coletivo, de comunidade. Cada artesão tem a sua especialidade, um produz o arco e flecha, outro produz o pau de chuva, então foi um trabalho comunitário”, explica Letícia Barbosa, diretora do Instituto Biocultural Homo Serviens.

Além do artesanato, os kits também contam com um material didático que traz informações sobre o artesanato local, que vai além das peças artesanais: é um jeito espiritual de ser e de bem viver. “Em todo artesanato que eles fazem, eles se concentram em sua essência, é ritualístico. Por mais que seja um chocalho, que vai ser usado em uma dança, uma cestaria, que é um adorno ou uma utilidade doméstica, aquilo ali foi tecido, foi armado dentro de uma ritualística, não entra em uma produção contínua, eles fazem quando estão inspirados, quando há essa conexão com a espiritualidade”, revela Letícia. “E foi interessante que eles também gostaram muito de estar levando isso para as escolas, com um fundo pedagógico: ‘eles vão ensinar o que nós fazemos aqui e eles vão saber que a gente faz nosso artesanato aqui, e é uma ação espiritual’”, acrescenta.

Os kits serão entregues nas escolas da rede municipal de ensino e farão parte do acervo cultural das unidades escolares. “É uma expressão cultural importante que os professores vão poder trabalhar em sala de aula ou em qualquer atividade dentro do espaço pedagógico”, afirma o presidente da FMEC, que organizou a premiação no município, fazendo a curadoria dos projetos encaminhados e a distribuição da verba destinada aos artistas selecionados.

MATERIAL DE HISTÓRIA

“Este kit artesanal pode ser usado nas aulas de História em que é tratada a questão indígena ou até mesmo na semana em que se comemora o Dia do Índio, para que os professores possam apresentar aos alunos aquilo que realmente simboliza o legítimo artesanato indígena, produzido dentro do nosso município, dentro da cultura local e da cultura dos indígenas da própria rede”, expressa a secretária de Educação de Palhoça, Cláudia Schwinden. “Isso aqui é sensacional, eu fiquei apaixonada”, elogia a secretária.

Na quarta-feira, o presidente da Fundação Municipal de Esporte e Cultura (FMEC) de Palhoça, José Virgílio Junior (Secco); o secretário executivo de Cultura, Caio Dorigoni; e a secretária municipal de Educação, Cláudia Schwinden, receberam os kits das mãos de Ivo Silva Júnior (presidente) e Letícia Barbosa (diretora), representantes do Instituto Biocultural Homo Serviens, que tem ajudado a viabilizar a premiação da Lei Aldir Blanc dentro das aldeias.

O material informativo que acompanha os kits artesanais explica que existem, atualmente, 720 indígenas da etnia mbya guarani vivendo nas aldeias Pirá Rupã (Maciambu), Ytaty e Tataendy Rupá (Morro dos Cavalos); Yakã Porã (Enseada de Brito); Praia de Fora e Cambirela (Pontal) – é o maior número de aldeias de Santa Catarina.

Os kits artesanais “Espiritualidade do Bem Viver” têm itens das seguintes categorias artesanais: cestaria, cerâmica, arco e flecha, instrumentos musicais, entalhes em madeira, semente, pena e miçanga.

Mais do que um valor econômico e comercial, os kits representam uma troca de sabedorias espirituais na arte do bem viver guarani mbya.

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