Ao falar na abertura do Congresso de Liderança Política Feminina que começou hoje em Florianópolis, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Júlio Garcia reforçou o papel “deste congresso e de demais eventos que virão no próximo ano é instruir as possíveis candidatas e orientar sobre os pormenores das campanhas, como o financiamento e as prestações de contas.”
O deputado Júlio Garcia lembrou também que “é preciso conhecimento para que a mulher participe mais. Já evoluímos bastante, mas agora é preciso informação. Vamos para o interior passar informação até os mais longínquos municípios de Santa Catarina.”
O congresso, numa ação conjunta do Tribunal Regional Eleitoral e Assembléia Legislativa tem como principal objetivo o de estimular e dar mais visibilidade à participação das mulheres na política.
O evento de dois dias no auditório Antonieta de Barros é organizado pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e Escola Judiciária Eleitoral de Santa Catarina e reúne cerca de 800 mulheres em painéis que tratam desde a representatividade da mulher na política até os fundos públicos e o financiamento de campanhas femininas.
RELEVÄNCIA DAS MULHERES NA POLÍTICA
O presidente do TRE-SC, desembargador Cid Goulart Júnior, ressaltou a importância da participação da mulher nos pleitos, principalmente com o fim das coligações nas eleições proporcionais. “Nas próximas eleições, as mulheres terão relevância extraordinária, e sem elas não teremos eleições”, destacou o desembargador. “Este congresso tem por objetivo estimular a participação das mulheres de forma legal e de forma republicana.”
Na opinião do juiz diretor da Escola Judiciária, Wilson Pereira Junior, o congresso “demonstra a evolução do pensamento político” em Santa Catarina. “Estamos provando que vivemos num estado diferente. Nós vivemos numa sociedade machista, mas não estamos num ambiente machista. Queremos mostrar à sociedade, mas, principalmente, às mulheres, que não vivemos mais barreiras.”
A presidente da Escola do Legislativo, deputada Marlene Fengler (PSD), classificou a parceria entre Legislativo e Judiciário como “um marco, que vai fazer com que a gente tenha uma mudança muito grande e que será replicado em todas as regiões”. Para ela, a presença do TRE-SC estimula a maior participação das mulheres nos eventos. “Mulheres que são lideranças comunitárias, empresariais, que já fazem a diferença na sua vida pessoal e profissional, mas que ainda não se sentem encorajadas a participar da vida política. Esse tipo de trabalho vai atrair mulheres.”
A exemplo do presidente Julio Garcia, Marlene Fengler vê a informação como fator essencial na decisão de participar da vida política. “Se as mulheres não sabem que existe o recurso, o tempo na TV, como vai financiar a campanha?”, questionou.
É nesse momento que entram seminários como os de hoje. “É preciso promover o maior número de eventos como esse, divulgar isso na mídia. Além disso, também dentro dos partidos deixar muito claro que se não tiver mulheres, não terá chapa na eleição”, alertou.
FIM DAS CANDIDATURAS DE LARANJAS
Uma das grandes preocupações é atrair as mulheres para a política e evitar o que se convencionou chamar de “candidaturas laranjas”, ou seja, mulheres que têm seu nome listado como candidatas apenas para preencher a cota mínima obrigatória de 30%. “O laranjal da eleição passada vai acabar. As decisões do TSE e dos TREs estão a demonstrar que não há mais espaço para isso”, afirmou o deputado Julio Garcia. “Colocar laranja para cumprir a legislação e a candidata não se apresentar, não aparecer, apenas cumprir um papel fictício, isso acabou”, garantiu o parlamentar.
Os parlamentares e os magistrados veem a criação da consciência política como a melhor forma de minimizar a possibilidade de que mulheres sejam usadas apenas para cumprir a cota. Para isso, outra parceria está sendo firmada entre Legislativo e Judiciário para, a partir de abril de 2020, oferecer cursos de formação política focados na atuação feminina.