A 1º edição da Bienal do Livro de São José, que começou na quarta feira e encerra neste domingo, no Centro Multiuso, transformou a cidade, verdadeiramente, na capital da literatura brasileira, com lançamentos de diversas obras admiráveis. Mais três livros foram lançados durante uma roda de conversa e de autoria da escritora Marlene de Fáveri e foram escritos durante a pandemia. Os títulos são Crônicas da Incontingência da Clausura: cotidianos da pandemia (volume 1 e 2) e Ultrarrealismo na Cena Literária de Itajaí.
As obras revelam sobre o cotidiano de uma mulher já na idade madura que se sentia enclausurada no isolamento social, e ali começou a escrever as narrativas que hoje fazem parte dos livros. “Procurei captar sentido nos lugares e nas experiências de viver uma pandemia. As crônicas tratam principalmente sobre os medos, incertezas, aprendizados e memórias na convivência com sua mãe octogenária. Além de sexualidade, silêncios, perdas, reencontros, solidariedades, solidões e angústias da realidade atual e muito do que vivi, também.”, explicou Marlene.
Em todas as crônicas, há um manifesto de violências históricas contra as mulheres. São narrativas engajadas que mostram a feminista que a autora é, e no que acredita. “As violências estruturais reverberam com ainda mais força em tempos de exceção, de crise econômica e sanitária como estes que estamos vivendo. É preciso identificá-las e denunciá-las”, enfatizou Marlene.
A obra será uma homenagem ao Grupo de Poetas e Escritores Mário Quintana (GPEMQ), do município, que é reconhecido por sua intensa atuação nas décadas de 80 e 90 com realização de recitais, performances, saraus e demais eventos literários
O segundo livro revisita a memória cultural de Itajaí por meio da ação do Grupo de Poetas que atuou na cidade entre os anos 1988-1991. A publicação da antologia iconográfica promove o registro de um momento efervescente na cidade de Itajaí. “Recuperar esse tempo de efervescências na cultura em Itajaí contextualizando com o que se passava em todo o país – é um caminho de retorno às memórias e experiências de um grupo – que fiz parte – moveu a cena e provocou a expressão literária em suas diversas possibilidades e nos sonhos de mudar o mundo com as ferramentas da arte”, salientou a escritora
Historiadora de profissão e professora da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Marlene de Fáveri publicou várias obras historiográficas, inclusive premiada em 2005 com o livro Memórias de uma (outra) guerra: cotidiano de medo durante a Segunda Guerra Mundial em Santa Catarina pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.