Base aliada e oposição avaliaram de forma diferente a decisão da Câmara dos Deputados de negar autorização para que o Supremo Tribunal Federal analise denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, por crime de corrupção passiva.
Para os aliados do Planalto, a partir de agora o governo se fortalece para aprovar as reformas, com destaque para a da Previdência (PEC 287/16). Já a oposição entendeu que Temer sai enfraquecido, por ter perdido votos na base de apoio. A diferença entre os que rejeitaram a denúncia e defenderam seu prosseguimento foi de apenas 36 votos.
O primeiro-vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), afirmou que não é o momento de retaliar nenhum aliado do governo que votou favorável à denúncia, mesmo entre os do PMDB, partido de Temer. Para Ramalho, o importante agora é focar nas reformas. “Para ter reformas, é preciso o voto de todos, e não se pode retaliar ninguém. O presidente Temer tem habilidade para isso, demostrada pela votação brilhante”, disse Fábio Ramalho.
Vice-líder do DEM, o deputado Pauderney Avelino (AM) reconheceu que é preciso um maior diálogo com a base aliada para dar prosseguimento às votações na Casa, mas disse acreditar que Temer vai atuar para manter a união. “O trabalho precisa ser feito, sim, diariamente, mas Temer, como nenhum outro presidente, conhece a Casa e sabe como agir”, afirmou.
O deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo, defendeu mais diálogo. Ele também é contra retaliar aliados. “Saímos muito bem desse processo, e a base está consolidada em 263 parlamentares, mas pode aumentar, até porque temos o objetivo específico de resolver o problema econômico do Brasil”, disse.
Por sua vez, o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o resultado da votação sinaliza para uma manutenção da instabilidade política no País.
Para Guimarães, o Planalto não tem condições de aprovar a reforma da Previdência. “O governo contabilizava 302 votos, mas teve 263. E agora parece que estão no mundo da lua, falando a essa altura do campeonato em votar a reforma da Previdência”, criticou.
Vice-líder da Minoria, o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE) afirmou que o governo agiu de forma truculenta para conseguir a vitória e acabou terminando com uma derrota política. “É um governo moribundo. Dez ministros vieram para cá não apenas para votar, vieram para fazer fisiologismo explícito”, disse.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que Temer ofereceu emendas, cargos e refinanciamento de dívidas de setores econômicos a fim de continuar no cargo, e mesmo assim, o resultado foi insuficiente. “Para ficar nesse time de coalizão de suspeitos e investigados, [o governo] gastou demais. É institucionalidade corrompida, mas pelo que o governo gastou o resultado foi insuficiente”, afirmou.
Debates
Nesta quinta-feira, o assunto também repercutiu no Plenário da Câmara. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que a vitória do governo pareceu “um soco no estômago” dos brasileiros. “Foi uma traição aos servidores públicos, aos homens e mulheres que investem neste País”, disse.
Já o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), outro vice-líder do governo, rebateu a petista. Segundo Pereira, a maioria apoiou a permanência de Temer para que a economia do País volte a crescer.
“Tiramos o fantasma do que poderia acontecer no Brasil, que seria a volta de PT, PCdoB, Rede e Psol ao governo”, disse. “Esses partidos quebraram o Brasil”, criticou.
(Fonte e foto: Agência Câmara)