ALESC: SEMINÁRIO CHAMA ATENÇÃO DA SOCIEDADE SOBRE CRIANÇAS COM TALENTOS EXCEPCIONAIS

Seminário sobre direitos de crianças e adolescentes com altas habilidades e superdotação, foi realizado hoje na Assembleia Legislativa de Santa Catarina

Para firmar a compreensão da sociedade, sobre as pessoas que apresentam conhecimentos e talentos considerados excepcionais em áreas específicas, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina reuniu hoje, em conferência estadual, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, professores, psicólogos, gestores públicos, familiares de superdotados, e profissionais da saúde e da educação. Em pauta, debates sobre os direitos de crianças e adolescentes com altas habilidades e superdotação (AHSD).

Segundo dados do censo escolar de 2019, em Santa Catarina, estão 1.139 estudantes cadastrados com AHSD mas, estimativas apontam que o número total de jovens com elevado potencial em campos como raciocínio lógico, liderança, psicomotricidade e artes, chegue aos 60 mil se for seguido o padrão mundial, cuja abrangência é de 1% a 3% do segmento populacional verificado.

A professora e presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial, Geane Probst Leite, destacou a importância de se levar informações à sociedade sobre o tema e, “capacitações como esta são de grande importância, visto que hoje a gente observa um alto índice de crianças sofrendo bullying e até mesmo cometendo tentativas de suicídio porque não são identificados [AHSD] e passam por determinados preconceitos.”

PERÍODO DE IDENTIFICAÇÃO

O processo para identificar uma criança AHSD pode levar até seis meses, durante o qual também se procura identificar em quais áreas se sobressai, informação necessária para orientar o perfil de ensino que será aplicado. Esta etapa pode envolver também parcerias com universidades.
Para Geane Probst, um dos desafios agora é integrar as administrações municipais no processo “para que eles também possam se organizar e, o quanto antes, atender essas crianças, dando-lhes oportunidade de desenvolver seus talentos.”

Palestrante no evento, a psicóloga Angela Magda Rodrigues Virgolim observou que, por falta de informações mais aprofundadas, a sociedade ainda alimenta uma série de mitos envolvendo a AHSD. Um dos principais, segundo disse, é que a pessoa identificada como superdotada não precisa de nenhum apoio adicional. “A gente sabe que isso não é verdade. É necessário muito apoio e estimulação das áreas fortes destas pessoas para que elas possam se desenvolver adequadamente.”

Angela, que é professora aposentada da Universidade de Brasília e possui diversas publicações relacionadas à inteligência, motivação, criatividade e superdotação, ressalta que o jovem AHSD deva receber atenção especial não somente no ambiente familiar, mas também em sala de aula, com um currículo que atenda às suas necessidades.

Neste sentido, ela falou que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, garante a todas as crianças o direito de receber uma educação adequada ao seu desenvolvimento. Em seu artigo 59, a normativa especifica este atendimento também aos educandos com necessidades especiais, como os com altas habilidades e superdotação.
A efetivação deste direito, entretanto, ainda aguarda a homologação de uma resolução de  2023 do Conselho Nacional de Educação, que dispõe sobre as diretrizes para as altas habilidades e educação, disse Angela.
“Esse parecer é muito importante, porque ele vai trazer, de forma geral, como as escolas devem abarcar essa população, qual é o tipo de atendimento que deve ser feito a elas, e esperamos que o Ministério da Educação possa homologá-lo em breve.”

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