O líder do PSB, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), disse existir uma cruzada ideológica por parte do governo contra as universidades e destacou os protestos nas ruas. “O povo brasileiro, em multidões nas cidades brasileiras hoje, demonstra que acredita nos livros. Repudiamos esse elogio à desinformação e queremos fortalecer as universidades.”
A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) também criticou a política educacional da gestão Bolsonaro. “Um ministro não pode travar essa cruzada contra o que o governo chama de marxismo cultural, coisa que não existe. A educação e as universidades não são o projeto de um único partido e sim de uma nação”, declarou.
Líder do PDT, o deputado André Figueiredo (CE) argumentou que os contingencimentos na educação são “ideológicos” e trazem para as instituições de ensino superior um “clima de revanchismo”. “Os anúncios de cortes são feitos em clima solene, mas o ministro estava se regozijando”, declarou.
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), autor do requerimento de convocação de Weintraub, há no governo Bolsonaro um “ódio à cultura e ao ensino”.
A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RS), também acusou o Planalto de perseguir universidades. “Nós vimos ali um discurso mostrando fotos que são verdadeiras ‘fake news’”, comentou. Ela se referiu ao pronunciamento do deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), que mostrou fotos que, segundo ele, mostram festas universitárias com “satanismo, orgias, feminismo e drogas”.
O parlamentar afirmou que as universidades foram “aparelhadas pela esquerda”. Acusações de desvios em universidades também foram feitas por outros deputados do partido, como a deputada Professora Dayane Pimentel (PSL-BA).
Por sua vez, o líder do PSL, deputado Delegado Waldir (GO), criticou as manifestações contra os contingenciamentos. “As universidades estão paradas. Estão de folga? É feriado?”
Para o deputado Lincoln Portela (PR-MG), as universidades foram “empoderadas pelo socialismo” até o último governo e que o ensino básico forma alunos “que não sabem ler e escrever”. Ele cobrou respeito entre governo e oposição. “Assim podemos ganhar pela mediação.”
Legado
O desempenho da educação nos governos anteriores também foi objeto de discussão. Abraham Weintraub apontou que os indicadores pioraram nos governos petistas. “Não somos responsáveis pelo contingenciamento atual nem pelo desastre da educação básica brasileira”, declarou.
Já o líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), disse que o partido ampliou o acesso à universidade e chamou Weintraub de “covarde”. “Não falou sobre cortes, não justificou os critérios e não tem coragem de dizer o que ele e o presidente Bolsonaro pensam: que a universidade não é lugar do filho da classe trabalhadora”, argumentou.
As críticas de Pimenta foram rebatidas pelo líder do governo, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). “O ministro teve a coragem de expor o que a esquerda fez no passado, que destruiu a educação no Brasil.”
Ele acrescentou que os indicadores brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) caíram inclusive nos governos petistas.
Major Vitor Hugo destacou ainda que as reformas da Previdência e tributária vão possibilitar o aumento dos investimentos em educação.
Ideologia
Deputados de outros partidos criticaram o que chamaram de discurso ideológico. Domingos Neto (PSD-CE) destacou que esperava respostas “mais claras” sobre a situação dos institutos federais. “O foco do problema não foi atacado, tudo ficou no debate ideológico”, reclamou.
O presidente da Comissão de Educação, deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), alertou que a polarização “joga fumaça nos problemas reais”. “Temos problemas muito graves, muito sérios, para achar que o colapso educacional do nosso País é Paulo Freire”, sustentou, referindo-se ao educador que é patrono da educação brasileira e duramente criticado por partidários de Bolsonaro.
Ex-ministro da Educação, o deputado Gastão Vieira (Pros-MA) também criticou a divisão ideológica estabelecida na gestão da área. “Estão conseguindo destruir a melhor coisa da causa da educação nesta Casa: o cordão umbilical invisível que une todos os deputados. Tudo sempre passou por unanimidade porque tínhamos a grandeza de perceber que a educação é maior do que nós”, destacou.
(Fonte e foto: Agência Câmara)