Com 8.491 votos, Joênia Batista de Carvalho (Rede-RR), conhecida como Joênia Wapichana, foi eleita a primeira deputada federal indígena do País. Desde que o cacique xavante Mário Juruna deixou o Congresso Nacional, em 1987, um índio não era eleito deputado federal.
No último domingo (7), Wapichana tornou-se a única representante da Rede a conquistar uma vaga para a Câmara dos Deputados na legislatura 2019-2022.
Desafios
Joênia Wapichana tem 43 anos e foi a primeira mulher indígena a se formar em Direito, na Universidade Federal de Roraima, em 1997.
Ela ressalta que sua trajetória foi marcada por muitos desafios, sobretudo porque, quando se formou advogada, não havia políticas de ação afirmativa. “Foi preciso que eu me formasse primeiro para poder defender isso para os próximos que viriam. A gente passa por um processo de muita exclusão”, afirma.
“Preciso ajudar a melhorar o acesso à faculdade, à universidade. O desafio continua, a gente pode melhorar, é possível o Brasil melhorar a educação”, defende Joênia.
Segundo a deputada eleita, o perfil mais conservador do Parlamento é mais um desafio a ser enfrentado. Para Joênia, existem várias proposições anti-indígenas na Câmara e que serão combatidas por ela e por todo movimento indígena do País. “Usando dos meios legais, para que nenhum abuso e inconstitucionalidade possa ser aprovado”, diz.
Ela acrescenta que sabe que vai enfrentar preconceitos pelo fato de ser mulher e representante dos povos indígenas no Congresso.
Sustentabilidade
Joênia defende também o direito ambiental para proteger a biodiversidade do País. “Vejo, por exemplo, na Amazônia, alternativas para hidrelétricas, que colocam em risco vidas e a nossa biodiversidade.”
“Quero trazer a bandeira da sustentabilidade porque é possível conciliar nossos interesses e direitos”, comenta.
(Fonte: Agência Câmara)