Ampliar a consciência fonológica e facilitar a alfabetização de crianças com dislexia. Esse é o objetivo do aplicativo Domlexia, utilizado com 49 estudantes das turmas do primeiro ano da Escola Básica Municipal de Florianópolis Intendente Aricomedes da Silva (EBIAS), na Cachoeira do Bom Jesus, e da Escola Básica Municipal Osmar Cunha, em Canasvieiras. Ele foi desenvolvido pela educadora Nadine Heisler e pela fonoaudióloga Sabrina Luz.
Em formato de game, divertido, interativo e conduzido pelo simpático dragão Dom, as crianças do primeiro ano vespertino da EBIAS jogaram por dois meses, duas vezes por semana, por cerca de 30 minutos. Já na Osmar Cunha, as crianças do primeiro ano matutino puderam jogar no aplicativo duas vezes por semana por cerca de 20 minutos a cada ida à sala informatizada, durante um mês.
Foi realizada uma avaliação individual com uma fonoaudióloga no início, para saber o patamar de consciência fonológica da garotada e quais letras já reconheciam. Ao final do tempo de uso, aqueles que se mostraram numa fase mais inicial da alfabetização na primeira avaliação foram testados novamente. O percentual de reconhecimento das letras cresceu de 56% para 69%. Já os acertos no teste de consciência dos fonemas apresentaram um crescimento de 59% para 92%.
A professora do primeiro ano da EBIAS, Luciana Carvalho, acompanhou a atividade e conta que os estudantes se envolveram muito, interessaram-se pelo jogo e o levaram muito a sério. “O jogo teve um impacto direto no desenvolvimento da aprendizagem das crianças”, relata.
Na Osmar Cunha, o sentimento foi o mesmo. A professora da sala informatizada Maria Celeste Pires Barbosa relata que a interação com o aplicativo foi um sucesso. “O jogo é um instrumento de aprendizagem muito importante para os estudantes. É mais uma forma de aprender e explorar a leitura”.
“O uso do aplicativo traz benefícios para todas as crianças, as que tem alguma dificuldade de aprendizado como a dislexia e as que não tem, sendo portanto uma ferramenta absolutamente inclusiva”, explica Nadine Heisler, cofundadora da plataforma.
De acordo com o secretário de Educação de Florianópolis, Maurício Fernandes Pereira, o aplicativo é eficiente no que propõe: o auxílio na alfabetização dos pequenos. “Realizar isso de uma maneira lúdica traz um maior engajamento das crianças”, encerra.
A dislexia
A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.
Ela é diagnosticada a partir de três anos de escolarização por uma equipe multidisciplinar. Tem consequências diretas na questão da aprendizagem, da leitura e da escrita.
Para os professores, as criadoras do aplicativo prepararam uma palestra, que já ocorreu na EBIAS, onde apresentaram as questões da dislexia, os principais indícios, como se dá o diagnóstico e algumas ações simples para apoiar os alunos disléxicos em sala de aula. Na Osmar Cunha, ela está programada para dia 23, às 8h30.
O aplicativo
Com o final da fase piloto e seus bons resultados, alguns ajustes finais estão sendo feitos no aplicativo para que ele seja disponibilizado de forma gratuita nas App Stores (Apple e Android).
A plataforma também irá disponibilizar um Programa de Apoio à Alfabetização para escolas, que inclui a formação dos professores sobre o tema, e planos de aula para potencializar o uso do aplicativo.