Num país em que o crescimento segue frágil e o desemprego resiste, Santa Catarina expande sua economia com a expansão de empresas e abertura de vagas. Se, em outros estados, a crise tem sido vertiginosa, em Santa Catarina, não.
É o que revela reportagem especial da Folha de São Paulo, edição deste domingo, mostrando ainda que os números do estado ficam acima da média nacional de maneira consistente. Com uma economia diversificada, o estado gera emprego na indústria, em polos como Joinville e Blumenau, no comércio e no campo, além de dar espaço para novas empresas de tecnologia, as chamadas startups, em Florianópolis.
O jornal retrata que a taxa de desemprego de Santa Catarina é a mais baixa do país e o rendimento médio do trabalho é o terceiro maior do Brasil, atrás apenas do Distrito Federal e de São Paulo.
Em Florianópolis, a mistura de boas opções de ensino universitário e qualidade de vida dá ambiente ao florescimento de uma cultura empreendedora.
A cidade foi eleita nos últimos três anos como a segunda melhor para abrir uma empresa no Brasil, atrás apenas de São Paulo, em ranking da ONG internacional Endevor que pesquisa negócios de impacto. Segundo o governo, 98% das empresas do estado são de pequeno porte.“É um lugar onde há uma cultura mais flexível, com muitas pessoas que vieram de fora. Isso favorece a inovação.”
GOVERNADOR: ‘O GRANDE DESAFIO É O ENXUGAMENTO DA MÁQUINA”
“O Estado está bem. A nossa indústria se desenvolve, geramos mais emprego do que qualquer outro estado brasileiro em 2017 e estamos em segundo lugar este ano, só atrás de São Paulo. Temos a tecnologia e inovação avançando. Há bons exemplos nas mais diversas áreas”, destaca o governador Eduardo Pinho Moreira e o grande desafio “da gestão pública é a burocracia e o enxugamento da máquina.
“É hora de enfrentar esta realidade e garantir que esse crescimento econômico aumente e garanta mais desenvolvimento e qualidade de vida à população”, afirma.Com medidas austeras, cortes e otimização de recursos, em 2018 Santa Catarina conquistou avanços importantes em setores priorizados pelo Executivo estadual. Na saúde, por exemplo, a revisão de contratos em poucos meses garantiu uma economia mais de R$ 9 milhões aos cofres públicos. O abastecimento de insumos e medicamentos passou de 36% para cerca de 81%. Em alguns medicamentos, o governo catarinense passou a economizar 50% do valor da compra. “Economia que é revertida em serviços, melhorando o atendimento à população”, explica Eduardo Pinho Moreira.
Em 2017, mais da metade dos estados brasileiros ultrapassaram o “limite de alerta” com a folha de pagamento. Santa Catarina está entre eles. Por isso, segundo o governador Eduardo Pinho Moreira, o desafio atual é enfrentar o tamanho da máquina pública e a burocracia da gestão. “As dificuldades têm que ser enfrentadas com coragem, porque o poder público não tem mais o direito de atrapalhar o desenvolvimento. A união de esforços é fundamental”, afirma.
A reportagem da Folha de São Paulo mostra ainda que o estado não conseguiu escapar da forte recessão que atingiu o Brasil. Em 2016, a atividade econômica chegou a cair mais do que a média do país, quatro e meio por cento contra três e meio por cento. Mas, passada a tormenta, o estado vem crescendo em ritmo acelerado. O PIB catarinense cresceu 2,6% em 2017, comparado à alta média de 1% do Brasil.
Em meio a uma forte crise fiscal que assola o país, o resultado primário do estado deixou a desejar, mas o quadro geral está muito distante de situações mais calamitosas como a do Rio de Janeiro ou o a do Rio Grande do Sul.
A meta para 2017 era um superávit de R$ 390 milhões, mas houve déficit de R$ 459 milhões, justificado por “despesas acima do esperado”, diz o secretário da Fazenda, Paulo Eli. Já os investimentos tiveram leve alta de 6% em 2017 —o sétimo estado que mais investiu em números absolutos.
Ostenta também a menor taxa de mortalidade infantil, 11 em cada mil crianças, e a maior expectativa de vida (79,1 anos). Não é demais lembrar que a população do estado, de 7 milhões, é um pouco mais da metade do que a da cidade de São Paulo.
E, sim, há problemas. Entre eles, a concentração da pobreza na serra catarinense e a violência, que também é uma preocupação. Mesmo com indicadores econômicos tão saudáveis, o estado não equacionou a questão da violência. Embora tenha a segunda menor taxa de homicídios do Brasil, atrás de São Paulo, registra 15 homicídios por 100 mil habitantes, próxima do índice mexicano.