A Irmandade do Divino Espírito Santo (Ides), em Florianópolis, recebeu o certificado de registro da festividade que promove como patrimônio cultural imaterial de Santa Catarina. Em ato promovido na Capela do Divino, o secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esportes (SOL), Leonel Pavan, e o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, entregaram ao provedor da Irmandade, Ademar Arcângelo Cirimbelli, o certificado.
A capela foi preparada para receber autoridades, membros da Ides e os festeiros que praticamente lotaram o espaço para a cerimônia de entrega do registro. Com 244 anos de existência, a Festa do Divino do Espírito Santo soma-se à outra importante e histórica manifestação religiosa, a Procissão do Nosso Senhor dos Passos, no registro de patrimônio cultural imaterial do Estado. “A FCC faz um grande trabalho, um trabalho diferenciado e junto com eles estamos conseguimos avançar em muitos pontos da cultura catarinense, com atos importantes para o nosso Estado, como este que hoje estamos consagrando como patrimônio imaterial, a Festa do Divino Espírito Santo. A Festa do Divino está entre os maiores e melhores eventos culturais do Estado. O gesto de hoje é um gesto que faz com que tenhamos uma responsabilidade enorme para o resto de nossas vidas. Só tenho de parabenizar a todos por esta grande conquista”, ressaltou o secretário Leonel Pavan.
O presidente da FCC destacou os esforços da Diretoria de Preservação do Patrimônio Histórico da Fundação na análise e celeridade do processo. “Também sou membro da Irmandade do Divino Espírito Santo e me sinto pessoalmente orgulhoso por fazer esta entrega, que é um reconhecimento à potencialidade desta manifestação que representa a grandeza da cultura e da história de Santa Catarina”, disse Pinto da Luz.
Atualmente, a Diretoria de Preservação analisa outras solicitações de registros, como a pesca da tainha com auxílio de golfinhos em Laguna, a pesca artesanal da tainha em Bombinhas, o o Cacumbi do Itapocu, uma tradição centenária de afirmação da identidade negra na região de Araquari; e o queijo serrano de Lages.
A concessão do registro para a Festa do Divino foi precedida pela aprovação, pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC), do parecer da FCC que ressaltou o “profundo embasamento originário de uma pesquisa histórica, mostrando que a Irmandade do Divino Espírito Santo de Florianópolis foi criada em 1773 e reflete as tradições da cultura dos povoadores açorianos da Ilha de Santa Catarina”. Além disso, foi destacado que “a manifestação ocorre não apenas em Florianópolis, mas também em dezenas de outros municípios catarinenses, expondo seu caráter relevante para a cultura de nosso Estado”.
Tradição e religiosidade
As tradições açorianas como a Festa do Divino estão presentes na cultura catarinense até hoje e chegaram juntas com os colonizadores entre os anos de 1748 e 1756. A Irmandade sempre manteve o período de ocorrência da Festa durante o Pentecostes, cuja data mais relevante se dá exatamente 50 dias depois do domingo de Páscoa e a sete dias do ato litúrgico da Ascensão de Jesus; é o domingo de Pentecostes. Neste dia, ocorre a coroação do Imperador, figura onipresente em todas as festas do Divino, e a missa solene da coroação. Inclusive a IDES possui em seu acervo histórico coroa e cetro que datam de 1774, trazidos diretamente dos Açores e que são utilizados na liturgia da festa desde 1776.
Fundada em 1773, a Ides é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, que tem por missão “abrir portas, resgatar esperanças e encorajar crianças, adolescentes, jovens e suas respectivas famílias, para que sejam protagonistas de suas vidas, transformando a realidade e o meio em que vivem, a partir da promoção da cidadania e do desenvolvimento social.”
Atualmente os programas da Ides atendem cerca de 750 crianças e adolescentes diariamente através dos seus três núcleos de atendimento. Onde elas participam de atividades diferenciadas que possibilitam o exercício da autonomia, liberdade e criatividade.
(Fonte e foto: Site da SECOM/SC)