Envolvendo 70 instituições, a Assembleia legislativa foi sede hoje da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária que apresentou como tema principal de debates “A Defesa da Natureza e dos Alimentos Saudáveis”, chancelada pela luta internacional pela terra. O evento chega à 10ª edição e destaca ainda a oportunidade de debater a pauta da reforma agrária e reforma agrária popular em ambientes de ensino superior. A programação prevê outras atividades de 2 a 5 de maio.
De acordo com uma das coordenadoras da jornada, Marília Carla de Mello Gaya, que também é professora na UFSC, haverá palestras, oficinas, rodas de debates, sobre mudanças climáticas e a produção de alimentos, assim como a comercialização dessa produção. Ela destacou a importância de se realizar a abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa. “Temos de mostrar a importância da pauta, não só no campo universitário, mas apresentar a sociedade e chamar os parlamentares para participarem na elaboração de propostas e políticas voltadas para a reforma agrária.” Explicou.
A coordenadora do Movimento Sem Terra em Santa Catarina, Juliana Adriano, lembrou que a jornada serve como data para relembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, no Pará. “Hoje, entregamos pauta ao novo superintendente do Incra em SC e alguns estados houve instalação de novas ocupações em assentamentos e também a realização de eventos alusivos à reforma agrária.”
AGREGANDO VALORES
Ela destacou ainda a produção de alimentos por meio dos assentamentos. De acordo com Juliana, o movimento é responsável pela troca de sementes e produtos que agregam valor ao trabalho de quem vive no campo e difunde alguns itens. Para ela, o evento realizado na Alesc fortalece as bandeiras levantadas em prol de toda discussão relacionada à reforma agrária em Santa Catarina.
O Incra também participa do evento e para a servidora do órgão federal, Jovania Müller, a segunda-feira é um momento de demarcar a questão da redistribuição de terras. A ideia é tornar minifúndio e latifúndio instrumentos para criação de lotes da reforma agrária e, com isso, tornar os assentamentos viáveis.
Nessa discussão, segundo ela, surge a importância da busca de conhecimento é o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que ao longo de 25 anos completados em 2023, já permitiu que mais de 190 mil pessoas recebessem formação estudantil e acadêmica. Santa Catarina também comemora os números que elevaram o estado a única unidade da federação a ter um curso de mestrado garantido pelo programa. “Para nós, o Pronera tem uma importância muito grande para instrumentalizar e capacitar essas famílias para que possam desenvolver propostas de reforma agrária mais sustentável,” destacou.
Somente no estado, o Pronera já formou em 18 cursos cerca de 4 mil estudantes. Os números chamam atenção do deputado Marquito (Psol), que além de participar lembrou que esse debate que a alimentação e luta pela terra estão interligadas. O parlamentar reforçou que durante a pandemia, o Movimento Sem Terra distribuiu dezenas de toneladas de alimentos para as pessoas. E sobre a realização da Jornada Universitária, Marquito afirma que é um espaço importante para construção de pontes entre entidades e Alesc. “ Precisamos construir propostas legislativas e políticas públicas com legisladores, para uma melhor condição de alimentos produzidos em terras do estado e a importância da reforma agrária em Santa Catarina, ponderou.